A “american way of life” não é referência de uma vida mental
sadia. Tempo é dinheiro, almoço de
negócios, horas extras de trabalho, “happy hour”, produtividade é
competitividade, relações humanas de poder e controle: são metas de vida
guiadas pelo consumo sem sentido. Idealismos heróicos pautados na política de
proteger os “fracos e oprimidos” denunciam escancaradamente a necessidade
primitiva dos “inteligentes” de garantir o acesso aos bens e matérias primas
desses povos “ignorantes”. Depressão,
obesidade, perversão sexual, violência infanto juvenil, abuso e dependência de
álcool e outras drogas, intolerância social, étnica e religiosa – esta é a
resultante do “sonho americano”. Deste
mundo onírico e paranóico resultou também o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM, sigla em inglês), uma excrecência desta mentalidade
que nem de longe representa a comunidade científica desta área tão delicada da
medicina: a psiquiatria. Uma tentativa
ingênua de tornar absolutamente objetiva uma ciência totalmente coberta e
recheada de subjetividades. Essa tal da
“bíblia dos psiquiatras” foi encomendada pelas empresas norte-americanas de seguridade
social diante da dificuldade de se determinar com “certeza” se aquele cidadão
tem mesmo esta ou aquela doença mental.
Uma necessidade de determinar administrativamente a realidade ou não de
um “sinistro” que acarretará um ônus prejudicial aos lucros. Ou seja, será que
aquele “elemento consumidor” é mesmo doente mental? Não tem exame laboratorial
que demonstre como prova irrefutável a doença: apenas laudos e relatórios
médicos. E a realidade destes laudos depende de um único e real critério
diagnóstico em psiquiatria que é observar a evolução. Nenhum sintoma é
estatisticamente considerado patognomônico de nenhuma doença mental e a
“urgência” em diagnosticar é de cunho meramente administrativo e não de
tratamento e prognóstico. O ato médico
naturalmente tem um poder político de determinar os destinos de uma vida. E a
subjetividade do adoecimento mental levantou a hipótese, administrativamente
paranóica, de que se poderia aproveitar desse “poder político médico” para
angariar benefícios fraudulentos. Afinal, já usaram a psiquiatria para
desacreditar, perseguir e “internar” aqueles que ameaçam os esquemas de
exploração política/econômica em todas as épocas, antes e depois de Cristo. O
risco de abuso é real sendo possível e mesmo provável que alguns colegas menos
afeitos aos códigos de ética de classe e que se aproximaram vertiginosamente do
abuso de seu poder médico tenham enriquecido ilicitamente desta maneira. No
entanto, não é porque existe uísque falsificado e mesmo leite batizado com água
que os reais, verdadeiros e legítimos não existam. Novamente o medo norte-americano de passar
fome aliado as suas necessidades intelectuais de dominação por subjugação,
obrigaram a Academia Americana de Psiquiatria (APA, sigla em inglês) a criar um
“manual” de diagnósticos. Essa tentativa
de controlar o incontrolável é fruto típico daquela cultura do “faça você mesmo
e do seu jeito”, pois “você vive num país livre” e suas escolhas pessoais “is
not our business”. Tal reducionismo
também foi aproveitado pelas indústrias farmacêuticas que então passaram a
“patrocinar pesquisadores”, hábeis manipuladores deste código internacional de
doenças, “criando” entidades nosológicas. Essas novas doenças são sempre
anexadas às novas drogas inspiradas no lucrativo “Prozac” da recente década do
cérebro (1990 a 2000). De lá para cá vimos drogas realmente novas e mais
eficazes com bem menos efeitos colaterais, porém as doenças sempre foram as
mesmas. Mas para que criar drogas se apenas 2 a 4% da população iriam usá-las?
Que tal ampliar o espectro de sintomas das doenças, ou seja, quanto mais sintomas
forem incluídos como desta ou daquela doença, mais pessoas estariam sendo
diagnosticadas e mais remédios seriam prescritos. E se ensinássemos uma
psiquiatria totalmente com base no DSM? A indústria poderia agora contar com
“prescrevedores autômatos”, que aceitariam as facilidades de um atendimento
rápido, com base em algorítimos e no mínimo trabalho de preencher tabelas e
questionários. As técnicas de “avaliação médica-psiquiátrica” se tornaram
ridiculamente simplistas, imediatistas e descaradamente imiscuídas de “pseudociências”.
Uma ciência criada por catedráticos que estariam desempregados e pobres se não
aceitassem essa corruptela de emprestarem seus nomes a trabalhos científicos
“encomendados” pelos patrocinadores, todos da indústria farmacêutica. Atualmente,
as grandes referências universitárias do mundo estão “rendidas e vendidas” a
este esquema onde os neo-psiquiatras ignoram totalmente o que e como fazem:
apenas repetem e não refletem mais sobre a complexa interdisciplinaridade da
vida mental humana. As neurociências agora ditam o que é “normal” dentro das
necessidades de uma vida "americanalhada".
A visão sistêmica do ser humano, como um ser
biológico-psicológico-social-espiritual é propriedade de alguns remanescentes
estudiosos que já são distantes prosélitos dos grandes e verdadeiros
pesquisadores (vide matérias Dr. Guido A. Palomba - A decadência da psiquiatria no link abaixo) www.academiamedicinasaopaulo.org.br/?pg=conteudo&setor=6&chave=24&id=260&idioma=1
Peço desculpas á você, ser humano portador de algum transtorno mental: eu e
alguns últimos colegas, cujos valores humanos são pautados na honestidade, na
mente aberta e na boa vontade, estamos entrando em extinção. Peço desculpas
também a alguns ex-alunos que eu acabei abandonando, pois me senti totalmente
impotente diante da sedutora abordagem de colegas impostores que não deveriam ser
psiquiatras e talvez nem mesmo médicos. Iludidos que estavam, iludiram alguns
de nossos alunos que hoje estão por aí alimentando seus filhos com dinheiro de
conveniências que apostam no medo e na ignorância dos usuários. Eu estou diante
de uma realidade que não posso negar a sua ocorrência, porém registro aqui a
minha total discordância: aceito por impotência diante dos fatos, mas não
concordo por consciência da verdadeira realidade. E enquanto eu tiver essa consciência ativa,
continuarei assistindo àqueles que me procuram como facultativo e me prestarei
a resgatar desta vala comum qualquer colega “americanalhado” que manifeste um
real e sincero desejo de mudar.
Nova Mente
A saúde mental à luz da Doutrina Espírita
quinta-feira, 23 de maio de 2013
sábado, 25 de agosto de 2012
Um Psiquiatra, o Botulismo e óperas de Schumann.
A história de uma toxina estética e mortal.
Justinus Andreas Christian Kerner (18/09/1786 – 21/02/1862),
natural de Württemberg, Alemanha, médico psiquiatra e cientista, estudou a
doença chamada botulismo de 1817 a 1822. Kerner foi o primeiro a fazer uma
descrição detalhada do botulismo, sendo ainda o precursor das aplicações
terapêuticas da toxina botulínica, experimentando em diversos animais, e em si
próprio, os seus efeitos. Em 1822, Kerner publicou 155 relatos de caso de
pacientes com botulismo e escreveu uma monografia completa sobre a toxina
oriunda de linguiças, com base em experimentos com animais conduzidos por ele
próprio, a partir dos quais fez as seguintes observações: a) a toxina se
desenvolve em linguiças azedas em condições anaeróbias; b) tem a capacidade de
interromper a transmissão motora no sistema nervoso periférico e autonômico; c)
é letal em pequenas doses. Várias teorias foram propostas até que, em 1895,
Emile Van Ermengem (1851-1922), um microbiologista treinado em Berlim por
Robert Koch (1843-1910 – o que isolou o bacilo da tuberculose), correlacionou a
epidemia de botulismo ocorrida em um funeral no vilarejo belga de Ellezelles
com o isolamento de uma bactéria encontrada em alimentos servidos no evento, no
qual 34 pessoas foram contaminadas, incluindo todos os músicos da orquestra
contratada, sendo que três pacientes foram a óbito. Van Ermengem isolou esporos
de um bacilo anaeróbio, o qual chamou de Bacillus botulinus e provou se tratar
de uma toxina ao utilizar um filtrado do cultivo livre de bacilos e esporos em
animais de laboratório, os quais manifestaram sinais de paralisia. Posteriormente, o Bacillus botulinus foi
renomeado, passando a ser chamado de Clostridium botulinum. Na mão dos militares americanos, a toxina
tornou-se a mais promissora arma biológica da Guerra Fria, mas sem muito
sucesso, pois apesar de podermos fabricá-lo, purificá-lo, transportá-lo e
utilizá-lo quando e onde quisermos, felizmente a natureza o fez de maneira
extremamente frágil e instável.
Mas a Lei do Amor prevalece sempre: voltando ao Dr. Kerner,
ele foi também poeta do movimento romântico alemão e suas poesias foram
transformadas em música por Schumann: http://www.musiconline.xpg.com.br/videos/justinus-kerner/video/h-H8WbVgvSI
Foi ele também o criador da Klecksographie
a qual conforme Ellenberger (1954/1967) milhares de crianças suíças teriam lido
essa obra de Kerner e brincado com manchas de tinta, dentre elas o próprio criador
do teste de Rorschach. Uma compilação das assim chamadas klecksografias é,
ainda hoje, conservada em manuscrito no Museu Nacional Schiller, em Marback.
Justinus Kerner é descrito como tendo sido “médico e pesquisador
do lado obscuro da natureza” e um verdadeiro “feiticeiro da personalidade”. Ligado
à corrente então muito propagada em seu meio, qual seja, a da “força curadora
do ‘magnetismo animal’”, Kerner chegou a publicar uma obra clássica de
ocultismo e parapsicologia intitulada Die Seherin von Prevorst (A Vidente de
Prevorst), relacionando aparições que se situariam para além “da experiência perceptível
pela inteligência e pelos sentidos”.
Dr. Justinus Kerner Klecksographie Robert Schumann |
Esse lado poético e talvez espiritual de Kerner tornou-o
preocupado com a estética fazendo-o vislumbrar que uma toxina que causava
doença tão grave, poderia ser usada para tratar doenças musculares. Em surtos
de Botulismo B, ocorridos na Suíça, observou-se que a toxina, além da ação
bloqueadora na musculatura estriada, bloqueava estímulos no sistema nervoso
autônomo, causando supressão da produção de suor por até dois anos em alguns
pacientes. Hoje ela é utilizada com sucesso para casos de hiperidrose axilar e
palmo plantar, diminuindo de maneira eficaz a transpiração excessiva nesses
locais do corpo humano. Mais tarde, o Dr. Justinus, talvez reencarnado, pode
ver suas descobertas utilizadas para tratar a aparência das pessoas: o BOTOX
®.
Em 1978 a toxina foi aplicada em humanos, p. ex., para
tratamento de estrabismo (Jean Carrhuthers & Scott) e uma paciente observou
que suas rugas melhoravam muito quando a toxina era aplicada. Eles passaram a
utilizá-la então para fins cosméticos, dando início ao tratamento das rugas e
do envelhecimento que conhecemos atualmente. A dose usada para fins estéticos é de 25 a 50 unidades e a
que faz mal ao ser humano é de 3000 unidades. A pequena quantidade usada com
fins estéticos obtém os efeitos sem perigos para a saúde. O que acontece é que
o músculo ou o gânglio bloqueado e em repouso forçado pela toxina fica um pouco
mais fraco e assim o efeito de enrugar bem como da resposta da sudorese diminuem.
A duração dos efeitos é de seis meses, e depois desaparece, exigindo nova
aplicação. Algumas pessoas desenvolvem resistência à toxina, como que num
efeito “vacina”, ou seja, cria anticorpos contra a toxina anulam seu efeito.
Mas já desenvolveram, nos EUA a Toxina Tipo B - Myobloc® , para ser usada em
possíveis pacientes resistentes.
Mas quando você se distrai, a toxina entra na sua vida
através de um embutido qualquer, uma mortadela ou um enlatado de milho
verde. Você para de transpirar, fica sem
rugas e ensaia parar de respirar, tudo isso em família, logo após o
jantar. A família vítima de botulismo em Santa Fé do
Sul, a 620 km de São Paulo, deve receber alta em poucos dias conforme o médico
responsável Dr. José Maria Ferreira dos Santos, da Santa Casa da cidade. O pai,
Sr. Benedito José dos Santos, 38 , sua esposa Elisete Garcia, 30, e os filhos
Juliana Bruna, 12, e Cristiano, 9, foram
internados com vômito, diarreia, dificuldade de locomoção e visão embaçada. O
soro específico contra o botulismo veio da capital através de uma operação da
Polícia Militar e de outros órgãos públicos. A Secretaria de Saúde do Estado de
São Paulo através do Centro de Vigilância Sanitária publicou determinação
cautelar no Diário Oficial anunciando a interdição do lote 1E0712 da mortadela
da marca Estrela e do lote 300437 do milho verde em conserva da marca Quero até
que a conclusão das análises das amostras recolhidas e encaminhadas pelo
Instituto Adolfo Lutz.
Agradecemos ao colega, Dr. Justinus Kerner, médico
psiquiatra, poeta e magnetizador por sua determinação germânica em não só
descobrir o lado ruim do clostridium como também o lado do bem, do belo e do
verdadeiro, aplicando com Amor o soro que torna a vida mais bela quando a
paralisia dos músculos não mais interessa ao glamour de belas faces
despreocupadas com as mortadelas da vida.
terça-feira, 24 de julho de 2012
Dependência Emocional II - como saber quem tem?
O assunto parece ter despertado um interesse geral provavelmente porque todos nós temos algum grau de dependência emocional já que todos nós vivemos em grupo. Qualquer tipo de relacionamento não prescinde de uma certa dependência porém estamos falando aqui de uma inter- dependência: uma troca positiva, colaboradora, respeitosa e portanto assertiva. Pessoas independentes totalmente não existem e isso seria altamente patológico, como que eremitas ou misantropos que acabam se tornando abusadores emocionais dos demais dependentes emocionais. Uma pessoa totalmente dependente também não seria possível e se tentar assim ser provavelmente se tornará um grande facilitador acabando como vítima fácil de abusadores. Assim observamos que a dependência emocional pode oscilar durante nossas vidas entre abusador e facilitador, com rápidas e quase imperceptíveis passagens pelo equilíbrio que seria a inter- dependência salutar.
Deixo aqui um questionário por nós elaborado que pode servir como instrumento de aferição destes estados extremos. Não é um método de diagnóstico e sim um indicativo pelo qual podemos nos avaliar e assim decidirmos ou não solicitar uma avaliação profissional.
Como saber se tenho algum grau de
dependência emocional?
Se você
responder afirmativamente para cinco ou mais questões abaixo, muito
provavelmente está em algum grau de dependência emocional. Um profissional especializado poderá diagnosticar se o que está vivenciando é patológico e se necessita de uma intervenção terapêutica sistemática e metódica. 1. Já tentou se afastar de pessoas, lugares ou mesmo coisas por qualquer período de tempo, porém acaba voltando por medo ou culpa? ( ) Sim ( ) Não
2. Fica com raiva ou chateado quando pessoas ou grupo de pessoas o aconselham a ser menos inseguro ou ansioso? ( ) Sim ( ) Não
3. Já tentou se desapegar de pessoas, lugares ou coisas substituindo-as por outras pessoas, lugares ou coisas? ( ) Sim ( ) Não
4. Pela manhã precisa saber como está o comportamento das pessoas com quem convive para poder definir como será o seu? ( ) Sim ( ) Não
5. Sente uma necessidade compulsiva de controlar tudo e todos para que estejam ou sejam como você quer? ( ) Sim ( ) Não
6. Sente uma necessidade compulsiva de agradar todo mundo, ao mesmo tempo e o tempo todo? ( ) Sim ( ) Não
7. Sente-se culpado quando diz “não” e tem medo de ser rejeitado quando diz o que realmente sente e pensa? ( ) Sim ( ) Não
8. Está ou esteve exposto a situações nas quais se sentiu submetido a algum tipo de abuso físico ou emocional? ( ) Sim ( ) Não
9. Evita assumir compromissos com pessoas ou instituições por medo de descobrirem algo de errado com você? ( ) Sim ( ) Não
10. Costuma iniciar novas frentes de trabalho ou estudo ou qualquer atividade cultural e desportiva mas nunca consegue continuá-las e completá-las? ( ) Sim ( ) Não
11. Sofre emocionalmente por repetir comportamentos que lhe diminuem a autoestima, porém não consegue fazer diferente? ( ) Sim ( ) Não
12. Acredita que um dia tudo será diferente apesar de continuar fazendo tudo da mesma maneira? ( ) Sim ( ) Não
Lembre-se: esse questionário não faz diagnóstico e tem apenas caráter indicativo - se algo lhe incomoda, procure ajuda e não fique querendo resolver tudo sozinho. Quando ficamos a sós, estamos mal acompanhados - uma pessoa em recuperação ou um profissional especializado poderá ajudá-lo.
terça-feira, 17 de julho de 2012
Dependência Emocional - apego ou desprezo patológico a pessoas, coisas e lugares.
O ser humano pode estar carregando velhos hábitos que já não lhe convém
mais. Muitas vezes repete ações apenas porque se acostumou a elas. Outras vezes
porque simplesmente não sabe que poderia ser diferente. Várias vezes percebeu que
poderia ser diferente mas não sabia como fazer diferente.
Ouvimos então expressões como estas: - Quando digo não, me sinto culpado! ou -Eu sei que seria o melhor a ser feito, mas tenho medo de fazê-lo! Ainda essa - Eu convivo há tanto tempo com esse problema que já me acostumei! E ainda pior - Deixa como está para ver como é que fica! Essas são atitudes passivasdiante da dependência emocional.
As expressões tais como - Deixa que eu tomo
conta de tudo mas tem que ser do meu jeito! Ou - Agora que me deixou com raiva
eu vou até as últimas consequências! E ainda essa - Eu acabo fazendo tudo pois
ninguém faz nada! Estas são expressões que denunciam as atitudes agressivas
da dependência emocional. Uma terceira maneira de manifestar a dependência
emocional é falsear com a inteligência para obter benefício próprio em
detrimento do bem alheio e do bem comum. São as atitudes passivo/agressivas,
próprias do que costumamos chamar de "malandragem": uma estrutura de
personalidade montada em cima de um esquema de sobrevivência egóica conhecida
como manipulação. Representa uma maneira inadequada de enfrentar a vida adulta
quando nossos mecanismos de defesa do ego não encontraram bases fortes e reais
para amadurecerem. A criança e o adolescente necessitam de referências sólidas
e constantes que funcionem como referência de valores éticos e morais a serem
seguidos. Naturalmente os jovens buscam o que lhes é mais atávico enquanto ser
humano que é "dar-se bem". Podemos exemplificar isso com: deixar
tarefas para depois ou para o outro fazer; conseguir privilégios ou favores sem dar nada
em troca; se “safar” de responder (de
ser o responsável) por palavras ditas ou atitudes inconvenientes ou erradas cometidas,
utilizando expedientes ingênuos tais como desculpas "esfarrapadas" ou
jogando a culpa em alguém ou alguma situação. Os adultos devem (ou pelo menos
deveriam) apresentar as delimitações, demonstrando a serenidade decorrente do
fato de podermos responder pelo que fazemos seja reparando um insucesso ou
gozando o prazer de um sucesso.
O jovem aprende muito mais pela observação e
assim os pais devem assumir essa autoridade sobre eles em determinar o que eles
não sabem decidir ainda – o que é do bem, o que é belo e o que é verdadeiro.
Num mundo de expiação e provas, a maioria e talvez a totalidade dos hominais
encarnados na Terra, não tiverem boas influências de pai e mãe que pela vez
deles também herdaram esse processo de “aleijamento” da espontaneidade humana.
Em locais onde a sobrevivência tornou-se mais importante que a filosofia,
facilmente os valores éticos e morais se tornam materialistas e imediatistas.
No alvorecer deste século, o mundo de regeneração
vem nos proporcionar instrumentos, instruções e até alguns instrutores nesse
processo de revisão de valores. A dor e o sofrimento que antes serviam para
abrir picadas na densa floresta dos nossos instintos e emoções, dão passagem as
noções mais básicas de responsabilidade que vem pavimentar os primeiros quilômetros
da estrada da regeneração. A dependência
emocional é tão e apenas somente uma espécie de efeito colateral ou residual
dessa etapa e da qual podemos entrar em recuperação ativa e harmoniosa, sem
medos e sem culpas. A aceitação do real tamanho de cada um de nós pela
alteridade (aprendendo a viver com as diferenças e aprendendo com as
diferenças) associado a uma ligação em alta fidelidade com a causa primária de
todas as coisas, possibilita que nos entreguemos confiantes a essa Lei Divina –
a Lei do Amor – e assim apontarmos a bússola de nossa consciência para o Norte
Verdadeiro de nossas vidas.
sexta-feira, 23 de março de 2012
A dança dos zumbis
A operação “chuta pombos” parece ser o pontapé inicial para
resolver o assunto mais evitado das duas últimas décadas. A cracolândia paulistana, pois que há as
paulistas, as nacionais e as internacionais, é o ponto de supuração de um abcesso
psicossocial que se alastra pelos subcutâneos das aparências metropolitanas.
Inicialmente era apenas uma celulite que denunciava os descuidos pessoais em
função de se manter o glamour de um status psicossocial: eu sou o que eu
tenho. Como a celulite não dava mais
para disfarçar, pois sempre, invariavelmente, em algum momento, havemos de
ficar desnudos diante nós mesmos, acabamos aceitando qualquer ideia ou atitude
que nos leve a um alívio imediato para esta angústia existencial. Esta é a porta de entrada paras as pequenas
corruptelas da vida: o medo da realidade.
Os predadores sociais de plantão fazem apenas o que a presa quer
oferecendo uma saída rápida e fácil para as “dores” do real tamanho. Aplicações “milagrosas” de substâncias
“detergentes” corrompem a proteção queratínica da pele e atingem o subcutâneo
causando um efeito imediato de satisfação pessoal por se recuperar a fantasia e
o glamour das aparências. Porém, como
tudo continua irreal, a agulha que rompe a pele trás também bactérias que
corrompem o subcutâneo iniciando um processo infeccioso sutil e insidioso que
culmina em abcessos que se lastram diante da indiferença e acabam supurando em
algum momento. Novamente, por hábitos
arraigados, se aceita as saídas rápidas e fáceis dos curativos de superfície, como
“band aids” sócio políticos de efeito apenas higiênico. A submissão ao curativo
é aparentemente feita por livre escolha e voluntária, mas é principalmente pela
desinformação que a aceitamos e por que “precisamos” continuar a “faturar” a
satisfação egóica. Neste cenário fantasioso é que permitimos que o abcesso se
alastre numa erisipela incontinenti de subterfúgios psicossociais aplicados sem
critérios, a esmo mesmo, enquanto o sol continua atravessando a peneira de
nossas consciências.
A pergunta a ser feita então é – o que fazer? De certo que não existe uma saída rápida e
fácil para a epidemia de dependência química seja de álcool, de drogas e/ou de
medicamentos. O que está claro é que se continuarmos fazendo as mesmas coisas
não podemos esperar resultados diferentes. Voltamos à era pré-Pasteur onde não
se acredita mais em bactérias e não se lava mais a mãos antes de comer – lavam-se
as mãos tal qual Pilatos, mas só depois que morder uma das fatias de um “bolo”
com ingredientes corruptos. Honestidade, mente aberta e boa vontade tornaram-se
valores éticos e morais que incomodam “o livre pensamento” e quando se fala
desses valores humanos básicos corre-se o risco de se estar saindo da curva
estatística da normalidade. E lembrando que a curva normal, conhecida também
como moda em estatística, contempla apenas o que mais acontece, mas não indica
o que é bom nem o que é belo e muito menos o que é verdadeiro. Cabe ao foro íntimo de cada um rever seus
hábitos, seus pensamentos e seus sentimentos e não mais se deixar levar pelas
ondas que a propaganda e o marketing propagam, seja boca a boca ou pelos meios
de comunicação de massa. Cabe aqui outra pergunta – onde então encontrar a
informação que me libertará dessas atitudes repetitivas e inconscientes? Várias são as fontes de informações e muitas
delas são até contraditórias, relembrando o método “Abelardo Barbosa” (o
Chacrinha) que não veio para explicar e sim para confundir. Com certeza algumas
ideias não se questionam mais apesar de já terem sido muito polêmicas, por
exemplo, na época de Oswaldo Cruz quando o Estado precisou intervir obrigando a
população a aceitar a vacinação tida como um desrespeito ao direito de escolha
do indivíduo.
Neste mundo contemporâneo,
a ideia do livre arbítrio é utilizada para induzir comportamentos de consumo, inclusive
e principalmente o de álcool e de outras drogas. Você decide “livremente” estudar, trabalhar e
juntar coisas e depois tem o direito a um “happy-hour” consumista. Porém só é realmente livre em suas decisões
aquele que está de posse e compreendendo todas as informações existentes sobre
um determinado assunto. E para isso necessitamos de tempo e de disposição
interna para não decidir ás pressas, tal qual ensina os manuais mais tacanhos
de compra e venda. E mesmo depois de obtermos todas as informações e ainda
ficarmos em dúvida? Neste caso cabe a regra de ouro dos investigadores e também
dos investidores: na dúvida, não faça nada e também não diga nada. Temos o direito de escolher livremente,
inclusive de admitirmos que não se tem uma opinião formada sobre qualquer
assunto . E se era para ter dito ou feito?
Haveremos apenas de arcar com as responsabilidades do atraso que é muito
mais justo e honesto do que tentar retirar o que já foi dito ou desfazer o que
já foi cometido.
Em suma – a aceitação do nosso real tamanho, buscando as
informações que nos auxiliem a estudar nossas dificuldades sem medo e sem
culpa, permitirá desenvolvermos o senso de responsabilidade pessoal e social.
Assim poderemos livremente não mais aceitar esse modelo de sofrimento como
desculpa para os alívios imediatos: será possível ter um “happy-day” no final
do qual nos sentiremos real(izados) e dispensaremos as fantasias e o glamour de
qualquer tipo de “droga”.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Os quatro instrumentos da alma - aRaiva
Dando seguimento ao estudo das emoções humanas.
Em uma série de programas da Radio Boa Nova versando sobre a Raiva, o programa NovaMente, (2.a feira às 11:00h, ao vivo), falava sobre essa emoção comum aos homens e aos animais. Foi uma leitura comentada do Livro Vermelho dos Neuróticos Anônimos, exatamente nos programas de 11/02/2008 à 15/12/2008, todos compilados num CD em formato MP3 que a RBN disponibiliza em seu site.(1)
Eu sempre busco levar essa informação consoladora: emoção não é sentimento!! Os instintos e as sensações (centros de força genésico e esplênico respectivamente) sob efeito das influências do raciocínio concreto e abstrato (centros de força laríngeo e frontal) sofrem processo lento e gradual de transformação para emoções (centro gástrico). Quando estas emoções são compreendidas (e não só racionalizadas) tornam-se sentimentos, o grande momento de virada na existência da criatura de Deus. Não mais viver apenas para responder à tirania das necessidades orgânicas como pulsão sexual, fome, frio, dor, etc. A razão, tão necessária para o entendimento do mundo, das coisas e das pessoas, deixa de servir ao atavismo através de explicações e busca o admirável nível de consciência do que é justo e bom. Antes só comíamos quando sentíamos fome, depois prevendo a fome passamos a guardar o alimento. No reino dos sentimentos, a alimentação é reconhecida como necessidade para viver mas não como o mais importante para a Vida. Desenvolvemos atitudes agora voltadas para o alto, e a filosofia nos faz buscar o "para que" da vida e não mais e apenas os "porquês" da biologia e da psicologia acadêmicas.
Assim que a raiva permanece residual e essencial em nossas entranhas, por isso dizemos estar “enfezados”, cheios de raiva, uma raiva intestinal... mas essa raiva não alcança nem anula qualquer sentimento. A catarse que tanto se fala nas linhas de psicoterapia nada mais é que sinônimo de eliminação, evacuação dessas emoções. Ela nos avisa de que estamos sob ameaça, acelera nosso coração, contrai nossas artérias, aumenta o açúcar no sangue, tudo para nos preparar para a luta ou para a fuga. Nosso lado animal nos protege porém já pensando e percebendo como hominais, podemos sentir raiva por ameaças que estejam somente em nossa imaginação. Tal qual aquele homem que logo pela manhã planejou pedir o martelo emprestado ao vizinho mas ficou a imaginar que o mesmo iria recusar-se. Assim matutou a ponto que no final da tarde, enfezado com seus próprios pensamentos, bateu à porta do dono do martelo e logo de supetão mandou-o introduzí-lo no dito cujo, lugar conhecido porém de baixo calão.
Assim acontece conosco, ou melhor comigo e também com todos: reação meramente orgânica com correlato psicológico apenas para fins de autoproteção. Certa feita recebi um paciente cujo comportamento revelava profundo egoísmo, tal qual podemos ler no Livro Vermelho. Inconformado com o que ele chamava de “azares e reveses” da vida, praguejava constantemente e proferia impropérios, por vezes em voz tão alta, que só não me constrangia mais pois eu já o atendia após as vinte horas, quando não havia ninguém mais no consultório. Passaram-se alguns meses e aquela situação se repetia semanalmente até que perdi a paciência e num tom um tanto quanto enérgico e receoso de receber revides de agressão física, solicitei que se controlasse ou então reencaminharia ele de volta a quem tivesse ele me encaminhado. Admirado, olhou-me extasiado nos olhos agora a lacrimejar e me perguntou se eu sabia quem tinha mandado ele me procurar. Realmente eu não sabia e ele então me surpreendeu: disse-me que passou vários meses frequentando as reuniões no Centro Espírita Luiz Gonzaga e tanto solicitou de Chico Chavier que o mesmo teve uma explosão de raiva, expulsando-o da reunião. E que antes de sair do Centro, Chico disse que só uma pessoa poderia dar jeito nele e deu o telefone de um tal Dr. João. Daquele dia em diante aprendi a lidar com a raiva: não mais a engolia e nem a cuspia apenas falava com aquele paciente o momento em que ele estava sendo inconveniente e isso o fez alcançar considerável melhora de comportamento a ponto que realizou seu sonho antigo: adotar um filho.
Uma boa raiva a todos, e podem ficar à Vontade.
domingo, 20 de março de 2011
Os quatro instrumentos da Alma
Ola, Amigos da Rádio Boa Nova.
O programa Nova Mente originariamente aborda temas da Psiquiatria e as doenças mentais sob a ótica do Espiritismo bem como os tratamentos que se praticam através dos tempos. O programa, que se realiza ao vivo semanalmente, vem trazendo, na maioria de seus episódios, a leitura de obras literárias com comentários à Luz da Doutrina Espírita. A maioria dessas obras não são de origem espírita e foram escolhidas na intenção de demonstrar que a espiritualidade está inserida em tudo e em todos. A contribuição do Espiritismo está em remover definitivamente o véu dos mistérios entre a vida física e a vida espiritual. Além disso, o programa visa o esclarecimento não só sobre as doenças, mas como previní-las e quiçá evitá-las através da promoção da saúde mental.
Nesta postagem, apresento os livros utilizados pelo programa até hoje, citando o principal assunto abordado, dentro desse grande tema: os quatro instrumentos da alma.
Esse título foi inspirado no livro de Myra e Lopes, Os quatro Gigantes da Alma, onde o autor explora quatro emoções básicas do ser humano: o Medo, a Ira, o Dever e o Amor. Minha intenção não era parodiar e sim incrementar essa visão com os conhecimentos da realidade reencarnatória e principalmente para melhor aproveitarmos nossa experiência na vida física atual. Desfazendo a idéia de se pagar um passado pecaminoso, busquei encorajar os ouvintes a uma atitude otimista de auto descobrimento seguido de auto compreensão. Buscando divulgar a existência de instrumentos para este intento trouxe as leituras comentadas como instruções para esse processo de crescimento. Provavelmente a veemência com que alguns ouvintes e conhecidos me apontam as colocações, surgiu através de minha própria experiência, que para ser "bonzinho" acabava reprimindo sentimentos e junto com eles talentos e potencialidades que me ajudariam na própria vida pessoal. Assim nasceu a idéia do título, Os quatro instrumentos da Alma, aludindo para a realidade de nossos sentimentos, pensamentos e atitudes serem assumidos como instrumentos e não como subprodutos de seres inferiores e assim deixados de lado. Nasceu esta proposta de uma colocação dos alcoólicos anônimos que a resume de maneira psicopedagógica: estudemos a nossa dor para que ela não se nos torne uma revolta.
Segue assim, nesta postagem e nas próximas, os livros já lidos e comentados durante os programas. Cito também o período em que estes programas foram ao ar, lembrando que há um projeto de torná-los uma coleção de cinco CDs em MP3, cada qual com todos os programas gravados. No momento temos apenas um tema, um dos instrumentos da Alma já compilado em CD cujo título é "aRAIVA", já disponível no site da RBN.
Abaixo deixo registrado os temas bem como o livro a que ele se refere bem como as emoções e sentimentos que podem nos servir como instrumentos de estudo e transformação. Os demais títulos estarei postando na sequência, e como os CDs ainda não estão prontos talvez seja possível ter acesso ao conteúdo destes por meio de "downloads" dos programas realizados nos períodos citados.
aRAIVA - oEgoísmo - Livro Vermelho de N/A.
aCULPA - oOrgulho - Reforma ìntima sem martírio.
oMEDO - oDesespero – Como evitar preocupações e começar a viver.
oCONTROLE – aFrustração – Peça e será atendido
aRESPOSTA - aResponsabilidade - Jesus, o maior psicólogo que já existiu.
Há ainda uma pergunta a responder: não são quatro os instrumentos da alma? Então de onde vem este quinto tema?
O quinto tema, tal como o quinto elemento, foi um dos primeiros livros que comentei no programa, resgatando a filosofia Cristã, cuja essência é o Amor. Por que submeter-nos-ia a essa a rica vivência das emoções através das encarnações sucessivas, sem a fé numa causa maior que nos alimenta a esperança de alcançarmos melhores sentimentos?
"Os ensinamentos do Cristo podem nos ajudar a resolver nossos problemas do cotidiano e aumentar nossa saúde mental" Mark W. Baker (autor do livro) responde a questão.
Um abraço fraterno a todos e
podem ficar a vontade.
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